Recebi um e-mail de um amigo parkinsoniano onde entre outras coisas, ele me pergunta: Por que você escreve estes textos no blog? Respondi ao seu e-mail dizendo que iria fazer um post sobre sua pergunta. Então, vamos lá...
Escrevo porque gosto. Sinto-me bem escrevendo.
Escrevo porque sinto necessidade. Nesse sentido, é uma terapia.
Escrevo porque quero que os outros leiam.
Escrevo para ver se me organizo, se ponho ordem na "casa".
Escrevo, sobretudo, para perder o medo, todos os medos.
Escrevo para tentar o mínimo de diálogo com o meu tempo, com a minha brevidade.
Escrevo para suavizar as dores que sinto. Escrevo essencialmente porque me dói escrever e também me dói não escrever.
Escrevo porque não sei pintar, não levo o menor jeito para a música e porque me frustra profundamente a consciência de não saber esculpir.
Escrevo para não endoidecer de tanto pensar. Definitivamente, não escrevo para ficar. Escrevo para simplesmente ser.
Escrevo porque já tropecei demais.
Escrevo para ter fé de que dias melhores virão.
Escrevo para sonhar com o futuro.
Escrevo porque a vida é um drama e eu preciso do sossego do cantinho espremido da página de um livro, mesmo que imaginário.
Escrevo porque qualquer página em branco, mesmo que seja a tela do computador, me dá uma fissura danada.
Escrevo porque tive um dia bom. Escrevo porque tive um dia ruim. Escrevo porque tive um dia mais ou menos.
Escrevo pela força do hábito.
Escrevo para não me largar de mão. Escrevo para não deixar pra lá.
Escrevo porque sou carente.
Escrevo porque sou osso duro de roer.
Escrevo porque escuto mais do que devo e devo mais do que escrevo.
Escrevo para ouvir a voz dos calados.
Escrevo com a humildade da primeira vez em que peguei num lápis e rabisquei conscientemente a primeira letra.
Escrevo para rabiscar por cima, nunca apagar.
Escrevo para tentar me ver diferente.
Escrevo porque a escrita me liberta de mim.
Escrevo porque perdi muito tempo. Escrevo porque a eternidade pode estar ali depois da esquina.
Escrevo porque não tenho certeza de nada.
Escrevo porque o mundo é cheio de estímulos e eu sou um terminal nervoso.
Escrevo porque penso melhor escrevendo.
Escrevo para amar melhor e me amar mais ao longo de um longo dia.
As pessoas estão desobrigadas a darem sempre um retorno. Respondem se querem, se têm algo que as leve também a quererem responder, seja concordando, discordando. Mas acredito que quase sempre elas ficam pensando na mensagem que receberam, e essa é a idéia. Aí as pessoas reformulam, reorganizam aquilo tudo e então, sim, assimilam. Antes disso, pode ser que digam 'não é isso que eu quero para mim', e deletem o que não queiram assimilar, e esse é um direito delas, não acha?
A gente faz coisas que considera importante e outras que dão um sentido novo à própria vida ou à do outro; outras tantas são para alegrar, divertir, conscientizar, educar, perdoar, pedir perdão, ensinar... e muitas de nossas atitudes, de nossos gestos e comportamentos têm, conscientemente ou não, mais de um desses intentos, não é mesmo?
Postado por
Edgar Ferreira