Amigos

Quando nos deparamos com um diagnóstico tão cruel “Doença degenerativa e irreversível”, perdemos o chão, a esperança, a namorada, o marido, a filha, mas sem perceber, estamos tendo uma chance para repensar nossa vida. Estamos tendo outra oportunidade de começar de novo, mais devagar, nos preocupando com outras questões. Comigo foi assim: primeiro veio a preocupação (os sintomas), depois o susto (o diagnóstico), o medo (como vai ser?), veio o “encasulamento” (a depressão), depois a luz (as orientações) e aí então as ações. Primeiro melhorar minha auto estima, deixar de ter pena de mim mesma, porque estou viva e muito viva, se não posso fazer “isso”, talvez possa fazer “aquilo”, se não sei, posso aprender. O que não posso é desistir. Desistir porque? Vou ter que tomar remédios? Tantos tomam! Não vou fazer de tudo? Faço o que puder, invento o meu próprio jeito de levar a vida. Se hoje estou triste, tenho esse direito, curto esse momento mas não deixo a tristeza se alojar. Forço-me a mudar de humor, procuro  alegria. Ficamos fragilizados, queremos colo, mas, também podemos pedir colo, não precisamos esperar a atitude do outro.

Hoje resolvi escrever  para um “futuro grande amigo” que está na fase do susto, do medo. Eu quero dizer especialmente pra ele (e para todos aqueles que estão descobrindo a doença agora) que esse momento vai passar. O medo dará lugar pra à esperança, as incertezas ficarão para trás e quando perceber, estará fazendo  muito mais coisas do que imagina.

Força, meu Amigo!

A vida não acaba aqui, ela está só começando...

Sinta-se abraçado por mim...                                                                                 

Mensagem de Regina, parkinsoniana de Niterói-RJ, para "W" e tantos outros PK que estão iniciando a jornada com "Sr. Parkinson".


Um Belo Coração

Um jovem estava no centro da cidade, proclamando ter o coração mais belo da região.Uma multidão o cercou e todos admiraram o seu coração. Não havia marca ou qualquer outro defeito.Todos concordaram que aquele era o coração mais belo que já tinham visto.O jovem ficou muito orgulhoso por seu belo coração.  
De repente, um velho, aliás, um Idoso, apareceu diante da multidão e disse:
-"O coração do jovem não é tão bonito quanto o meu!"A multidão e o jovem olharam para o coração do idoso, que estava batendo com vigor, mas tinha muitas cicatrizes.  
O jovem olhou então para o coração do idoso e disse:
-"O senhor deve estar brincando... Compare nossos corações.O meu está perfeito, intacto e o seu é uma mistura de cicatrizes e buracos!" 
-"Sim! - disse o idoso.
Olhando, o seu coração parece perfeito, mas eu não trocaria o meu pelo seu."Veja, cada cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu amor.Tirei um  pedaço do meu coração e dei para cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio coração para que eu colocasse no meu, mas, como os pedaços não eram exatamente iguais, há irregularidades.
 Mas eu as estimo, porque me fazem lembrar do amor que compartilhamos. Algumas vezes, dei pedaços do meu coração a quem não me retribuiu. Por isso, há buracos.  Eles doem.Ficam abertos, lembrando-me do amor que senti por essas pessoas...  Um dia espero que elas retribuam, preenchendo esse vazio. E então, jovem?Agora você entende o que é a verdadeira beleza? O jovem ficou calado e lágrimas escorreram pelo seu rosto. Aproximou-se do idoso, tirou um pedaço do seu perfeito e jovem coração e ofereceu ao velho, que retribuiu o gesto.Os dois se abraçaram e saíram caminhando lado a lado. 
O  jovem olhou para o seu coração, não mais perfeito como antes, porém mais belo que nunca.
 Como deve ser triste passar a vida com o coração intacto! 
Do meu Coração, eu retirei este pedacinho especial para você!
Guarde-o, com carinho!

Mensagem de Regina de Matos Pereira
Parkinsoniana de Niterói - RJ


Aconteceu comigo - Cordel

No nosso pensamento

doença relevante

apenas  acontece

 no nosso semelhante

 

descartamos a possibilidade

de acontecer com a gente

É a lei da probabilidade

mistificando nossa mente

 

Aconteceu comigo

Não foi nada diferente

Chegou bem sorrateira

Acomodando lentamente

 

leve dor na mão direita

sempre é bom verificar

recorrer um especialista

para algo diagnosticar

 

Nada que preocupe

 Disse o ortopedista

Sugiro que procure

Um bom neurologista

 

Travou grande batalha

Como muito eu não via

De início uma dolorida

Eletroneumiografia

 

E vários outros exames

Ressonâncias e Raios-X

Parecia um castigo

Por coisa que não fiz

 

Depois de não descobrir

Algo que poderia ser

Concluiu o diagnostico

Que veio a esmorecer

 

Sem cura, origem indefinida

Mistério sem explicação

Irreversível e progressiva

Associada a Depressão

 

Agora vim, a saber,

Que algo me domina

Parei de fabricar

A necessária Dopamina

 

Progressiva, assustadora

Irreversível e sem cura

Agarro-me a esperança

que está quase madura

 

uma vem do homem

ainda vai demorar

Pesquisa da célula tronco

Um dia vai chegar

 

A outra depende da fé

 alguns temem acreditar

pois a vontade de Deus

o Parkinson pode curar


Renato. 

Autor deste cordel é parkinsoniano de Contagem - MG. 


HOMENAGEADO DA SEMANA -  Baldoíno Soares 

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos, sem distinção de raças, nem de crenças. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros, antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O amor ao próximo inclui o esclarecimento, a todo tempo em que se faça útil e necessário.       


Trabalha como voluntário da ABP-Associação Brasil Parkinson e é cuidador de sua irmã, que é parkinsoniana.


Depoimentos de Baldoíno: 

“Tenho uma irmã, 81 anos, viúva sem filhos que esta com Parkinson. Sou seu irmão mais novo, ela minha irmã mais velha, minha segunda mãe, resolvi abraçar e dar atenção e dignidade de vida para ela, isso é uma meta de vida que tenho.“

“A prevenção é a palavra de ordem, existem muitas pesquisas e informações na Internet. Nós os cuidadores precisamos estar a frente dessas novidades para podemos ajudar nossos entes queridos e amigos DP.

“Sabemos o quanto o stress acomete a todos no convívio com a DP. Precisamos ser fortes, o nosso ente querido que foi e é importante em nossas vidas precisa do nosso apoio, do nosso cuidado, da nossa paciência, do nosso amor.

“Nossa integração e interação resultam em benefícios para todos, sei que alguns amigos têm justificativas suficientes para não participarem ativamente, respeito à opinião deles, afinal de contas cada um sabe onde o sapato aperta."

"Minha intenção em insistir em participação ativa (dos parkinsonianos) é que como cuidador tenho uma visão e vocês guerreiros lutadores incansáveis outras mais realistas que podem atingir aquilo que todos querem.”

Toda quinta-feira, o blog irá homenagear uma pessoa que faz parte da grande família parkinsoniana. 

Se você, amigo(a) parkinsoniano(a) quiser homenagear outro PK, cuidador, médico etc, o material deverá ser enviado para o e-mail: agricolaed@hotmail.com


Após decidir o que precisa ser feito para melhorar sua vida... faça!

Muitos tipos de pessoas falam demasiado. Prometem fazer coisas (igual políticos em época de eleições com promessas irrealísticas), atropelam a realidade, possivelmente movidas por impulsos emotivos, sem uma base emocional competente. Ou podem ser pessoas caladas, tímidas, e “atoladas” em problemas porque não atuam em cima da verdade sobre elas mesmas e sobre a vida que elas já conhecem. Competência emocional é o fundamento da estrutura afetiva da personalidade que gera uma vida eficaz. Muitas de nossas motivações são contaminadas e ainda imaturas. Algumas, por sinal, muito perversas. E os resultados são atos maus, egoístas, corruptos, violentos, destruidores de famílias, relacionamentos e vidas humanas. Competência emocional é a capacidade de você lidar com suas emoções de uma maneira que possa ter a razão no controle, sem ser uma pessoa fria, e, assim, obter resultados criativos, positivos, benéficos, construtivos para si mesmo, para sua família e para a sociedade. Não se adquire competência emocional em farmácias. Nem em clínicas ou hospitais sofisticados. Também não se consegue em Universidades, livros de auto-ajuda, e mesmo em terapias psicológicas. A compreensão intelectual não resolve o problema emocional da pessoa. A verdade precisa entrar no coração (no mais profundo da mente, também chamado de espírito) e ali operar uma mudança radical. Se a fonte dos pensamentos, sentimentos e ações – o coração – não for purificada, só muda o exterior, a superfície da pessoa. Evidentemente que neste processo de crescimento emocional rumo a uma competência, está envolvido alguma compreensão de si a qual pode ser ajudada pela leitura de um bom livro, alguma psicoterapia séria, algum estudo teórico equilibrado sobre comportamento humano, algum grupo de ajuda. Entretanto, o desafio de todas as pessoas é fazer. O difícil é fazer. A pessoa muda quando ela muda. Compreender é um passo. Sem compreensão não é possível crescer. Conhecer a verdade sobre nós mesmos, nos abre o caminho para a libertação. A verdade liberta. Mas que verdade? Na que envolve, primeiro, saber quem sou. Por que faço o que faço e não faço o que não faço. Por que sou desse jeito que sou? Não é por acaso que somos o que somos em termos de personalidade e caráter. O sofrimento emocional (mental, comportamental, em seus relacionamentos com pessoas) que você tem hoje em sua vida tem uma causa. Esta causa precisa ser compreendida para que a cura se processe. Não adianta tomar remédio sem conhecer a verdade – a causa. Então, conhecer é um passo. O segundo passo, aliás. O primeiro é reconhecer que você precisa mudar e quer mudar. Não porque tem alguém lhe perturbando e forçando a mudar. Mas por si mesmo. Porque você não quer ficar só numa maquiagem comportamental que desmancha assim que chega em casa e fica a sós, ou quando termina o efeito da bebida ou da droga que usou para fugir de si ou da dor (maconha, cocaína, ecstasy, crack, sexo, trabalho, diversões, comida, viagens, compras, etc.). Outro passo é tomar atitudes para a mudança. O difícil é fazer. Fazer é difícil. Mas sem fazer, nada muda. É preciso dar o primeiro passo rumo a um comportamento DIFERENTE daquele que você está habituado. Hábitos podem ser mudados. Remédios não mudam isto. Eles mascaram a dor. Só isto. Há o momento para seu uso. Mas não se engane. Eles não mudam o seu coração. Os médicos e os psicólogos, também não tem o poder de mudar uma pessoa. Só podem orientar, quando sabem fazer isto! Eles nem sempre sabem o que fazer ou dizer para o paciente! O resto é com você. Faça. Atue. Após decidir o que precisa ser feito para melhorar sua vida por ter compreendido a verdade sobre aquele assunto, aja. Não deixe para a próxima segunda feira, ou para amanhã. Comece AGORA. Tenha fé que a mudança será operada em sua pessoa. O difícil é fazer. É verdade. Mas você tem a escolha. Você pode escolher um novo e melhor comportamento. E praticá-lo. É praticando que ocorrerá a mudança. Não é indo a um novo profissional de saúde que “é muito bom”. Ou mudando de remédio.


Carta do inglês, o intrometido Sr. Parkinson, ao seu portador


Oi, queria pedir desculpas, pois cheguei de mansinho... Fui me alojando sem ao menos lhe pedir licença e você ficou tanto tempo aí sem nem se dar conta de que eu já estava aqui, me alimentando...
Desculpe se te assustei quando apareci, a maioria das pessoas fica sem saber o que fazer quando me vê. Uns choram, outros se desesperam... Uns vivem comigo e outros morrem por mim...Mas eu tenho dois lados e você pode não enxergar isso: tenho o lado ruim que causa mal às pessoas e faz com que elas se sintam impotentes e incuráveis. Mas tenho um lado bom que supera e vence o mal cada vez que vejo um brilho nos olhos de quem me acompanha: de todos os males que eu causo, provoco um bem maior chamado amor à vida, pois quando as pessoas me descobrem dão valor a tudo que têm... Isso, nem mesmo eu posso vencer...

 

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