Além do Mal

Descobri-me muito além do Mal
da emoção de todos os limites transpondo
Pisando ainda oscilante,trôpego em solo desconhecido.
Deixando fluir, me desarmando, me expondo.
Vagando...

Burlei preconceitos, ignorei preceitos.
Mergulhei na degeneração oferecida.
Desnudei a alma, libertei sentimentos.
Imergi as dores impostas pela nova vida

Deixei a voz que é silêncio me trasladar
não Cri no portal que se abriu pra mim
E no despojado gesto de me amar assim

Ao emergir, corpo e alma renovados.
Deixei na fonte resquícios de memória
E sem medo de seguir, reeditei minha historia.
Me amei assim,como sou.

Contribuição de J. Trindade, Parkinsoniano, Porto Seguro-BA

Ainda falando em ATITUDE...

A atitude começa pelo autocontrole. Exige determinação e capacidade de autodomínio para não se deixar levar pelo estado emocional do momento. Primeiro não há como saber o amanhã, não há um jeito de sabermos como lidar em várias situações, a não ser que elas apareçam em nosso caminho. Segundo, a vida de ninguém é igual à de ninguém. Pois é, a vida é uma coisa singular, única, cada um tem a sua. Não devemos ser nem 08 muito menos 80, devemos sim, avaliar a situação, pesar e daí sim partir para o que melhor se enquadra como solução em nossas vidas.

É preciso ter convicção daquilo que se quer, também é necessário manter o objetivo em mente a fim de superar momentos de desânimo e seguir em frente. A atitude impede que você fique no meio do caminho ou, o que é pior, que não comece nunca. Ela muda a sua relação com você mesmo e torna evidente a importância de cumprir os compromissos necessários para alcançar as suas metas.

Adotar uma atitude significa fazer o esforço necessário para incorporar a nova atitude à rotina, não importa quantas vezes seja preciso cair e levantar. Ela exige atenção, esforço, responsabilidade. Exige também a vigilância sobre si mesmo, que é evitar a armadilha das justificativas. Significa assumir a responsabilidade pela própria vida, consciente de que cada um tem em si as ferramentas necessárias para mudar padrões de comportamento que não estão funcionando e substituí-los por outros.

Ter atitude é quando você confia na própria capacidade de aprender e de mudar seguindo o fluxo da vida. É assumir o controle da sua vida em vez ficar à mercê dos acontecimentos. 

A melhor recompensa de uma atitude é perceber que não há limites para o próprio crescimento e que quanto mais exercita, mais forte e realizado o ser se torna. 

A ação é à base de toda mudança e não pode haver ação consistente sem que se adote uma atitude. A Atitude é a alma das realizações.

Superando obstáculos...

Ultimamente tenho tido vários momentos de reflexão e em um destes momentos, me perguntei: "O que preciso fazer para superar a crise?" Então, lembrei-me de minha vida como parkinsoniano e automaticamente veio a resposta: "A T I T U D E". Parece batido, comum? Parece sim, mas é a resposta.

Ontem pela manhã ouvi alguns jornalistas enquanto tomava meu café, também escutei a entrevista de um economista, um especialista em bolsa de valores e um consagrado jornalista econômico, e sabe de uma coisa? Se eu tivesse engolido tudo que ouvi seria melhor ficar em casa, na cama esperando a morte chegar, e, mesmo saindo, se tivesse levado todos aqueles sons para o meu dia certamente perderia quase toda a minha energia e força para conquistar um dia de vitórias. Comportar-se como um gato assustado era uma opção, mas, assumir o controle do destino de minha empresa e de todos que dependem dela, era também uma opção. Comprar a postura derrotista e alarmista de alguns formadores de opinião era uma opção, mas, manter minhas emoções sob controle e colocar-se em estado de pró-atividade e confiança também era uma opção, não me importando se a base delas são os erros que cometi e o aprendizado que isso gerou ou os acertos, frutos desse aprendizado, que me levaram a conquistas.

Foi tudo uma questão de atitude. Para começar me recusei a fazer parte da boiada e a cada soar dos berrantes do Apocalipse eu me perguntava qual a melhor direção, qual a melhor atitude, quais as alternativas, quais as oportunidades, quais as possibilidades, e o incrível: Aproveitei muitas oportunidades, encontrei muitos atalhos, descobri tesouros escondidos ao redor das trilhas porque simplesmente me recusei a olhar somente para onde os boiadeiros apontavam.

Atitude não implica em ignorar os riscos, nem minimizar o óbvio, tão pouco ser um otimista perdido do sentido da realidade, mas, implica sim em assumir o controle, esta é a questão fundamental: QUEM CONTROLA VOCÊ DURANTE A CRISE? Não dê a outros o direito de ditar seu comportamento e sentimentos, assuma o controle de si mesmo, este é, a meu ver, o grande segredo para superar qualquer embate.

Tudo depende das "ESCOLHAS QUE FAZEMOS", não é TeTê?

Pra quem disse que por ser parkinsoniano seria mais difícil sair da crise, aí está mais uma prova de que somos capazes.

Sensibilidade...

Feche seus olhos e seu mundo mudou.
Faça isso agora, por um segundo que for.
Neste momento, com seus olhos fechados perceba o mundo a sua volta.
De olhos fechados você acaba de sair do mundo das formas.
De olhos fechados você está no mundo das sensações.
Neste momento escute seus sentimentos.
Seus sentidos estarão mais apurados. 
Qualquer ruído lhe chamará atenção. Um odor a sua volta irá te aguçar ainda mais. Até um vulto, uma sombra, a idéia de um movimento, será percebida.
No seu corpo você sente a sua roupa. No seu rosto a temperatura do ar.
Em pouco tempo você percebe o ar entrando e saindo das narinas, percebe seu corpo todo se movimentando com a entrada e a saída do ar em seus pulmões.
Num instante você sente a temperatura de seu corpo, onde precisa de mais calor e onde sente mais frio.
Logo na garganta, no seu pé, na sua cabeça, no seu pulso, você consegue sentir seu coração batendo.
Tudo isto é apenas você. 
Seu corpo, suas sensações, seu mundo de sentimentos.
O que aconteceu, seu mundo mudou?
Você apenas fechou os olhos, e ao abri-los tem a impressão de que aquelas sensações desapareceram.
Na verdade, esquece que você está ali.
Quantas sensações temos a descobrir apenas vivendo uma condição diferente. Fico mais uma vez imaginando meus filhos experimentando todas as sensações e sentimentos em seu mundo. Tão diferente do meu. E somente com esta simples experiência de fechar os olhos, tenho a certeza que eles experimentam um mundo mais sensível, puro e rico em sensações deliciosas.

100ª Postagem

"EU HOJE JOGUEI TANTA COISA FORA...."

(Carlos Drummond Andrade)

Não importa onde você parou....

Em que momento da vida você cansou...

O que importa é que sempre é possível e necessário "recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...

É renovar as esperanças na vida e o mais importante...

Acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado...

Chorou muito? Foi limpeza da alma...

Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia...

Sentiu-se só por diversas vezes? É por que fechaste a porta até para os anjos...

Acreditou que tudo estava perdido? Era o indício da tua melhora...

Pois...

Agora é hora de reiniciar...

De pensar na luz...

De encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego? Uma nova profissão?

Um corte de cabelo arrojado... Diferente?

Um novo curso...

Ou aquele velho desejo de aprender a pintar...

Desenhar...

Dominar o computador...

Qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...

Quanta coisa nova nesse mundo de meu Deus te esperando.

Está se sentindo sozinho? Besteira...

Tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...

Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza...

Nem nós mesmos nos suportamos...

Ficamos horríveis...

O mau humor vai comendo nosso fígado...

Até a boca fica amarga.

Recomeçar...

Hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Aonde você quer chegar? Ir alto...

Sonhe alto...

Queira o melhor do melhor...

Queira coisas boas para a vida...

Pensando assim trazemos pra nós aquilo que desejamos...

Pensam-se pequeno...

Coisas pequenas teremos...

Se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor...

O melhor vai se instalar na nossa vida.

É hoje o dia da faxina mental...

Joga fora tudo que te prende ao passado...

Ao mundinho de coisas tristes...

Fotos...

Peças de roupa, papel de bala...

Ingressos de cinema bilhetes de viagens...

E toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados...

Jogue tudo fora...

Mas principalmente...

Esvazie seu coração...

Fique pronto para a vida...

Para um novo amor...

Lembre-se somos apaixonáveis...

Somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes...

Afinal de contas...

Nós somos o "Amor"...


 

Colaboradora REGINA PEREIRA, parkinsoniana, Niterói-RJ

O “CONVERSA DE PARKINSONIANO” faz hoje, dia 09 de Outubro, um ano!

Planejei escrever um super texto para hoje, mas rascunhei, pensei, repensei, e achei melhor seguir meu coração e escrever apenas o que sinto agora. Sinto-me feliz, é como se pudesse passar por todos os obstáculos, passei por muitos antes e durante o blog.

E queria dizer que devo, em primeiro lugar, este ano de vida do "CONVERSA DE PARKINSONIANO" a todos os que lêem, que começaram por me escrever diretamente e que hoje comunicam comigo através do meu e-mail, da caixa de comentários e dos seus próprios blogs e comunidades no orkut, que consulto com regularidade. Se eu "perdi a cabeça" ao criar este blog, vocês fizeram com que ele ganhasse vida e por isso partilho a minha alegria com todos.

A primeira intenção era compartilhar experiência de vida com os amigos parkinsonianos e também manter um arquivo de experiências pra mim. Comecei por teclar textos e pensamentos que fui escrevendo durante o tempo livre e este começou por ser um blog de "sistematização de emoções e de vivências" traduzidas em palavras. Daqui a tudo o que ficou registado ao longo de doze meses foi um pequeníssimo passo. Fui-me entusiasmando pouco a pouco, recriando algumas situações, relatando outras, dando vida a outras, eternizando-as como forma de as eliminar para sempre da minha vida, repesquei ainda outras que julgava perdidas e que se revelaram promissoras. Naquela época, nem imaginava que tantas pessoas iriam visitar o blog.

Escrevi muito mais do que poderia pensar inicialmente e escrevi um pouco acerca de tudo, muitas vezes ultrapassando os limites e os sonhos que o "inglês" permitia durante este ano que passou. Mas continuo a sonhar que a interação e a integração entre os PK permanece no meu horizonte porque creio que já faz parte de mim e isso também é importante. O que conta é que hoje tenho a estranha, e por vezes assustadora, sensação de não me conseguir disciplinar de forma a parar. Desejo intensamente continuar a escrever, criar, partilhar e dialogar. É que também nunca pensei que viesse a gostar tanto da opção "comentários". Revelaram-se fantásticos e muito saborosos.

Não foi fácil, não é fácil conciliar o trabalho, a convivência com o "inglês", a procura por uma melhor qualidade de vida, a procura pela felicidade e ter um blog. Falo de ter um blog com o qual você se sinta feliz e realizado com ele, é gostar de escrever e responder.

Blogar não é só escrever um texto. É ajudar, (o que aprendi, faço questão de repassar a qualquer pessoa que precise), aprender a resolver problemas e conciliar tudo isso com o tempo que você tem disponível. Blogar pra mim é ter a responsabilidade de seguir suas próprias idéias. É conversar com sua mente, é falar de si mesmo, é contar histórias, é mostrar que há uma pessoa por trás daquele blog e que aquela pessoa erra, acerta, faz amigos, faz inimigos, que há sentimento no blogueiro. Quando escrevo, é como se eu tivesse falando com quem por acaso for ler o texto. Quando coloco os vídeos, é uma forma de falar também, transmite muita coisa, por isso uso desse recurso, e jamais escolho ao acaso, eu leio a biografia, vejo a letra da canção, procuro tudo, nada aqui é ao acaso, tudo no blog tem significado pra mim.

Para o tipo de conteúdo pretendido aqui, tenho grande satisfação em dizer que as visitas são satisfatórias e em evolução (o que é mais importante). Neste período foram publicados 98 posts, com 62 comentários e que contaram com 3.567 acessos.

De qualquer forma, é seu primeiro ano, e que venham muitos, porque eu adoro escrever aqui. É o meu espaço, onde falo de assuntos diversos, coisas do cotidiano, trabalho, família, amigos, enfim…

Agradeço a todos que vez ou outra passam por aqui e comentam também os que passam, mas, não comentam.

Um abraço "trêmulo", porém, "rígido" e bem "lento" a todos


Amanhã, dia 05 de outubro de 2008, devemos exercer nosso direito, votando com consciência e fazendo a melhor escolha dentre as opções apresentadas. A consciência do eleitor sobre o valor do seu voto é importante em uma democracia. Se os cidadãos não se importarem com quem estão colocando no poder, serão mais facilmente vítimas de abusos deste poder. É comum ouvir a população reclamar da política e dos políticos, mas também é comum que esta mesma massa de reclamantes esqueça que quem coloca os políticos no poder é o nosso voto. Resumindo, o voto tem sim um papel fundamental na vida democrática. O cidadão deve ter a consciência de sua relevância no processo de escolha dos governantes.

Vamos mostrar para a classe política que estamos atentos e que nossa palavra pode fazer a diferença.

Vou torcer para que as pessoas acordem e façam de seu voto uma ferramenta que nos traga progresso, paz, saúde, educação, cultura e outros benefícios que merecemos como cidadãos e como nação.  Assim com certeza teremos um país melhor e mais consciente.


Projeto Pessoas Desaparecidas

Eu acredito e tenho fé na Internet. É um canal muito importante para difusão de conhecimento, comunicação e ações coletivas.

Todo mundo discute o LADO COMERCIAL da internet, o potencial do comércio eletrônico, do web marketing e etc, mas, quase ninguém discute o LADO SOCIAL. Pensando nisso, lembrei-me de uma ação da empresa The Body Shop. Eles colocaram fotos de pessoas desaparecidas nos caminhões de produtos, como outdoors ambulantes e algumas pessoas foram encontradas por conta disso.

Conheço uma pessoa que não conhece seus pais biológicos tem uns 35 anos. Sempre os procurou, achou algumas pistas, mas ainda não encontrou. Vejo a necessidade, o sonho que é para essa pessoa, poder ver sua mãe e irmãos. É como se fosse impossível ter paz enquanto não os encontrar! Imagine um parente seu, alguém que você ama, um pai ou irmão, um dia se despede, sai e não volta nunca mais e sem haver qualquer indício do que possa ter acontecido? Horrível não é, mas acontece muito: pais divorciados que sequestram os filhos do(a) seu(ua) ex, pessoas saem pra trabalhar e não voltam, fogem de casa, desconhecidos oferecem brinquedos para crianças e as levam embora...

Conforme uma pesquisa do MEC, no Brasil existem uns 40 milhões de usuários ativos de internet e cerca de 4 milhões de blogs! Imaginem se alguns desses blogs tiverem fotos de pessoas desaparecidas? Acho que algumas pessoas poderão ser encontradas. Uma que seja já valeria MUITO a pena!

Nós, que fazemos o blog “CONVERSA DE PARKINSONIANO” vamos fazer a nossa parte.


Amigos

Quando nos deparamos com um diagnóstico tão cruel “Doença degenerativa e irreversível”, perdemos o chão, a esperança, a namorada, o marido, a filha, mas sem perceber, estamos tendo uma chance para repensar nossa vida. Estamos tendo outra oportunidade de começar de novo, mais devagar, nos preocupando com outras questões. Comigo foi assim: primeiro veio a preocupação (os sintomas), depois o susto (o diagnóstico), o medo (como vai ser?), veio o “encasulamento” (a depressão), depois a luz (as orientações) e aí então as ações. Primeiro melhorar minha auto estima, deixar de ter pena de mim mesma, porque estou viva e muito viva, se não posso fazer “isso”, talvez possa fazer “aquilo”, se não sei, posso aprender. O que não posso é desistir. Desistir porque? Vou ter que tomar remédios? Tantos tomam! Não vou fazer de tudo? Faço o que puder, invento o meu próprio jeito de levar a vida. Se hoje estou triste, tenho esse direito, curto esse momento mas não deixo a tristeza se alojar. Forço-me a mudar de humor, procuro  alegria. Ficamos fragilizados, queremos colo, mas, também podemos pedir colo, não precisamos esperar a atitude do outro.

Hoje resolvi escrever  para um “futuro grande amigo” que está na fase do susto, do medo. Eu quero dizer especialmente pra ele (e para todos aqueles que estão descobrindo a doença agora) que esse momento vai passar. O medo dará lugar pra à esperança, as incertezas ficarão para trás e quando perceber, estará fazendo  muito mais coisas do que imagina.

Força, meu Amigo!

A vida não acaba aqui, ela está só começando...

Sinta-se abraçado por mim...                                                                                 

Mensagem de Regina, parkinsoniana de Niterói-RJ, para "W" e tantos outros PK que estão iniciando a jornada com "Sr. Parkinson".


Um Belo Coração

Um jovem estava no centro da cidade, proclamando ter o coração mais belo da região.Uma multidão o cercou e todos admiraram o seu coração. Não havia marca ou qualquer outro defeito.Todos concordaram que aquele era o coração mais belo que já tinham visto.O jovem ficou muito orgulhoso por seu belo coração.  
De repente, um velho, aliás, um Idoso, apareceu diante da multidão e disse:
-"O coração do jovem não é tão bonito quanto o meu!"A multidão e o jovem olharam para o coração do idoso, que estava batendo com vigor, mas tinha muitas cicatrizes.  
O jovem olhou então para o coração do idoso e disse:
-"O senhor deve estar brincando... Compare nossos corações.O meu está perfeito, intacto e o seu é uma mistura de cicatrizes e buracos!" 
-"Sim! - disse o idoso.
Olhando, o seu coração parece perfeito, mas eu não trocaria o meu pelo seu."Veja, cada cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu amor.Tirei um  pedaço do meu coração e dei para cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio coração para que eu colocasse no meu, mas, como os pedaços não eram exatamente iguais, há irregularidades.
 Mas eu as estimo, porque me fazem lembrar do amor que compartilhamos. Algumas vezes, dei pedaços do meu coração a quem não me retribuiu. Por isso, há buracos.  Eles doem.Ficam abertos, lembrando-me do amor que senti por essas pessoas...  Um dia espero que elas retribuam, preenchendo esse vazio. E então, jovem?Agora você entende o que é a verdadeira beleza? O jovem ficou calado e lágrimas escorreram pelo seu rosto. Aproximou-se do idoso, tirou um pedaço do seu perfeito e jovem coração e ofereceu ao velho, que retribuiu o gesto.Os dois se abraçaram e saíram caminhando lado a lado. 
O  jovem olhou para o seu coração, não mais perfeito como antes, porém mais belo que nunca.
 Como deve ser triste passar a vida com o coração intacto! 
Do meu Coração, eu retirei este pedacinho especial para você!
Guarde-o, com carinho!

Mensagem de Regina de Matos Pereira
Parkinsoniana de Niterói - RJ


Aconteceu comigo - Cordel

No nosso pensamento

doença relevante

apenas  acontece

 no nosso semelhante

 

descartamos a possibilidade

de acontecer com a gente

É a lei da probabilidade

mistificando nossa mente

 

Aconteceu comigo

Não foi nada diferente

Chegou bem sorrateira

Acomodando lentamente

 

leve dor na mão direita

sempre é bom verificar

recorrer um especialista

para algo diagnosticar

 

Nada que preocupe

 Disse o ortopedista

Sugiro que procure

Um bom neurologista

 

Travou grande batalha

Como muito eu não via

De início uma dolorida

Eletroneumiografia

 

E vários outros exames

Ressonâncias e Raios-X

Parecia um castigo

Por coisa que não fiz

 

Depois de não descobrir

Algo que poderia ser

Concluiu o diagnostico

Que veio a esmorecer

 

Sem cura, origem indefinida

Mistério sem explicação

Irreversível e progressiva

Associada a Depressão

 

Agora vim, a saber,

Que algo me domina

Parei de fabricar

A necessária Dopamina

 

Progressiva, assustadora

Irreversível e sem cura

Agarro-me a esperança

que está quase madura

 

uma vem do homem

ainda vai demorar

Pesquisa da célula tronco

Um dia vai chegar

 

A outra depende da fé

 alguns temem acreditar

pois a vontade de Deus

o Parkinson pode curar


Renato. 

Autor deste cordel é parkinsoniano de Contagem - MG. 


HOMENAGEADO DA SEMANA -  Baldoíno Soares 

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos, sem distinção de raças, nem de crenças. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros, antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O amor ao próximo inclui o esclarecimento, a todo tempo em que se faça útil e necessário.       


Trabalha como voluntário da ABP-Associação Brasil Parkinson e é cuidador de sua irmã, que é parkinsoniana.


Depoimentos de Baldoíno: 

“Tenho uma irmã, 81 anos, viúva sem filhos que esta com Parkinson. Sou seu irmão mais novo, ela minha irmã mais velha, minha segunda mãe, resolvi abraçar e dar atenção e dignidade de vida para ela, isso é uma meta de vida que tenho.“

“A prevenção é a palavra de ordem, existem muitas pesquisas e informações na Internet. Nós os cuidadores precisamos estar a frente dessas novidades para podemos ajudar nossos entes queridos e amigos DP.

“Sabemos o quanto o stress acomete a todos no convívio com a DP. Precisamos ser fortes, o nosso ente querido que foi e é importante em nossas vidas precisa do nosso apoio, do nosso cuidado, da nossa paciência, do nosso amor.

“Nossa integração e interação resultam em benefícios para todos, sei que alguns amigos têm justificativas suficientes para não participarem ativamente, respeito à opinião deles, afinal de contas cada um sabe onde o sapato aperta."

"Minha intenção em insistir em participação ativa (dos parkinsonianos) é que como cuidador tenho uma visão e vocês guerreiros lutadores incansáveis outras mais realistas que podem atingir aquilo que todos querem.”

Toda quinta-feira, o blog irá homenagear uma pessoa que faz parte da grande família parkinsoniana. 

Se você, amigo(a) parkinsoniano(a) quiser homenagear outro PK, cuidador, médico etc, o material deverá ser enviado para o e-mail: agricolaed@hotmail.com


Após decidir o que precisa ser feito para melhorar sua vida... faça!

Muitos tipos de pessoas falam demasiado. Prometem fazer coisas (igual políticos em época de eleições com promessas irrealísticas), atropelam a realidade, possivelmente movidas por impulsos emotivos, sem uma base emocional competente. Ou podem ser pessoas caladas, tímidas, e “atoladas” em problemas porque não atuam em cima da verdade sobre elas mesmas e sobre a vida que elas já conhecem. Competência emocional é o fundamento da estrutura afetiva da personalidade que gera uma vida eficaz. Muitas de nossas motivações são contaminadas e ainda imaturas. Algumas, por sinal, muito perversas. E os resultados são atos maus, egoístas, corruptos, violentos, destruidores de famílias, relacionamentos e vidas humanas. Competência emocional é a capacidade de você lidar com suas emoções de uma maneira que possa ter a razão no controle, sem ser uma pessoa fria, e, assim, obter resultados criativos, positivos, benéficos, construtivos para si mesmo, para sua família e para a sociedade. Não se adquire competência emocional em farmácias. Nem em clínicas ou hospitais sofisticados. Também não se consegue em Universidades, livros de auto-ajuda, e mesmo em terapias psicológicas. A compreensão intelectual não resolve o problema emocional da pessoa. A verdade precisa entrar no coração (no mais profundo da mente, também chamado de espírito) e ali operar uma mudança radical. Se a fonte dos pensamentos, sentimentos e ações – o coração – não for purificada, só muda o exterior, a superfície da pessoa. Evidentemente que neste processo de crescimento emocional rumo a uma competência, está envolvido alguma compreensão de si a qual pode ser ajudada pela leitura de um bom livro, alguma psicoterapia séria, algum estudo teórico equilibrado sobre comportamento humano, algum grupo de ajuda. Entretanto, o desafio de todas as pessoas é fazer. O difícil é fazer. A pessoa muda quando ela muda. Compreender é um passo. Sem compreensão não é possível crescer. Conhecer a verdade sobre nós mesmos, nos abre o caminho para a libertação. A verdade liberta. Mas que verdade? Na que envolve, primeiro, saber quem sou. Por que faço o que faço e não faço o que não faço. Por que sou desse jeito que sou? Não é por acaso que somos o que somos em termos de personalidade e caráter. O sofrimento emocional (mental, comportamental, em seus relacionamentos com pessoas) que você tem hoje em sua vida tem uma causa. Esta causa precisa ser compreendida para que a cura se processe. Não adianta tomar remédio sem conhecer a verdade – a causa. Então, conhecer é um passo. O segundo passo, aliás. O primeiro é reconhecer que você precisa mudar e quer mudar. Não porque tem alguém lhe perturbando e forçando a mudar. Mas por si mesmo. Porque você não quer ficar só numa maquiagem comportamental que desmancha assim que chega em casa e fica a sós, ou quando termina o efeito da bebida ou da droga que usou para fugir de si ou da dor (maconha, cocaína, ecstasy, crack, sexo, trabalho, diversões, comida, viagens, compras, etc.). Outro passo é tomar atitudes para a mudança. O difícil é fazer. Fazer é difícil. Mas sem fazer, nada muda. É preciso dar o primeiro passo rumo a um comportamento DIFERENTE daquele que você está habituado. Hábitos podem ser mudados. Remédios não mudam isto. Eles mascaram a dor. Só isto. Há o momento para seu uso. Mas não se engane. Eles não mudam o seu coração. Os médicos e os psicólogos, também não tem o poder de mudar uma pessoa. Só podem orientar, quando sabem fazer isto! Eles nem sempre sabem o que fazer ou dizer para o paciente! O resto é com você. Faça. Atue. Após decidir o que precisa ser feito para melhorar sua vida por ter compreendido a verdade sobre aquele assunto, aja. Não deixe para a próxima segunda feira, ou para amanhã. Comece AGORA. Tenha fé que a mudança será operada em sua pessoa. O difícil é fazer. É verdade. Mas você tem a escolha. Você pode escolher um novo e melhor comportamento. E praticá-lo. É praticando que ocorrerá a mudança. Não é indo a um novo profissional de saúde que “é muito bom”. Ou mudando de remédio.


Carta do inglês, o intrometido Sr. Parkinson, ao seu portador


Oi, queria pedir desculpas, pois cheguei de mansinho... Fui me alojando sem ao menos lhe pedir licença e você ficou tanto tempo aí sem nem se dar conta de que eu já estava aqui, me alimentando...
Desculpe se te assustei quando apareci, a maioria das pessoas fica sem saber o que fazer quando me vê. Uns choram, outros se desesperam... Uns vivem comigo e outros morrem por mim...Mas eu tenho dois lados e você pode não enxergar isso: tenho o lado ruim que causa mal às pessoas e faz com que elas se sintam impotentes e incuráveis. Mas tenho um lado bom que supera e vence o mal cada vez que vejo um brilho nos olhos de quem me acompanha: de todos os males que eu causo, provoco um bem maior chamado amor à vida, pois quando as pessoas me descobrem dão valor a tudo que têm... Isso, nem mesmo eu posso vencer...

VIDA DE PARKINSONIANO
As nossas vidas são feitas de altos e baixos, de períodos on e períodos off e também de alegria e felicidade, porque não?
É bom parar um pouco. Parar para mim, parar a minha mente, os meus pensamentos. Olhar para dentro de mim mesmo e sentir apenas a respiração. A minha energia, que atravessa o corpo permanentemente. A energia, que tantas vezes bloqueio com os meus problemas.
Faz parte da aprendizagem nesta vida ultrapassar os obstáculos e saber viver bem cada gota de felicidade, que Ela nos dá. Provavelmente a maior parte dos parkinsonianos vê sempre os obstáculos e poucas vezes a felicidade... Mas acho que a questão é a forma como encaramos uma e outra.
Os obstáculos nunca são bem-vindos, porque podem envolver mudanças nas nossas vidas, e o ser humano é avesso a mudanças. Nestas circunstâncias, temos de agir de forma diferente, temos de imprimir uma energia extra para conseguir avançar, mesmo com este mal que a Vida nos colocou à frente. Mas se o fizermos com a consciência de que esse mal tem um propósito, um objetivo, poderemos encarar esse mesmo obstáculo com mais determinação e com mais garra. Sim, temos de nos tornar lutadores, soldados de guerra, para conseguirmos conviver e lidar com o Inglês, o “Sr. Parkinson”, o intrometido, que se meteu nas nossas vidas. Não, não é fácil. Caem lágrimas, muitas vezes. Aparece uma dor agonizante... Mas temos de encarar “Sr. Parkinson” de frente. E não adianta virar-lhe as costas, porque ele vai estar lá, todos os dias, para caminhar lado a lado com você. Para que sofrer? Se na verdade é tão simples ser feliz...
E a Felicidade? Como a encaramos? Não falo de felicidade de curta duração, de uma paixão. Falo sim, daquela sensação de estarmos gratos pelo que temos, de acordar de manhã e agradecer por estarmos vivos, sem fome, por termos uma família que nos apóia... Saberemos nós, dar valor a essas sensações?
Sim, temos altos e baixos. Não é possível estarmos sempre felizes. Mas poderemos esforçar-nos um pouco mais, parar de nos queixar...
Uma atitude positiva perante os obstáculos é essencial para minimizar a tragédia. Devemos viver apenas os momentos que nos é dado. São aqueles que nós devemos guardar e esse momento é agora!
Agora, devemos amar...
Agora, devemos lutar...
Agora, devemos perseverar...
O momento de ser feliz é agora!
Uma atitude negativa, irá minar todo o resto. Irá acentuar ainda mais o mal que se abateu em nós. Quantas vezes, nos vemos num mar de confusões, nos deixando ser massacrados por nossa própria condenação, esquecendo dos momentos de emoção!Somos envoltos por problemas e rotinas, que nos fazem esquecer das maravilhas da vida...
Temos de tentar pensar positivo, e a Vida irá compensar-nos por esse esforço extra! Fazendo assim, deixo de ser mais um, no meio de tantos e começo a dar sentido a tudo o que sou, a tudo o que faço. Agindo assim, começo a sentir-me mais leve.

BORBOLETAS...
Comparo a minha vida, como parkinsoniano, como o processo de vida de uma borboleta. Quando me foi dado o diagnóstico, não foi nada fácil receber esta notícia, foi fulminante! Então, iniciou-se a fase do casulo. É como se tivesse entrado no período de dormência. Não tinha forças para sair do casulo...
Com o passar do tempo, sabia que tinha de sair do casulo, de rompê-lo. Até que um dia, deu-se a transformação, a metamorfose. Abri o casulo e saí da escuridão. No início, foram necessárias todas as minhas forças para romper aquela capa que me envolvia. Saí dele, como quem veste uma 2ª pele. Quando o fiz, percebi que tinha asas. Percebi que era o dono da minha vida, do meu percurso. Percebi que tinha as asas para voar. As primeiras tentativas de vôo foram difíceis. Muitas quedas, muitas frustrações... Mas não desisti.
Hoje tenho uma auto-estima razoável, gosto de mim porque consegui lutar contra muita coisa. Olho para trás e por vezes não entendo como consegui chegar até aqui. Foi precisa muita determinação e força... Todo o resto é superável, porque se consegui resolver a minha vida nessas alturas, já nada me detém.
Não lamento o estado de dormência, assim como não lamento tudo o que fiz na minha vida. Mesmo o mal que fiz... E é isso mesmo: eu sou quem sou pelas minhas vivências e experiências. Somos todos o resultado do nosso passado.
E tal como a borboleta, atravessei um período de dormência e escuridão, seguida de liberdade e movimento.
Mesmo sem saber, muitos precisam de uma libertação semelhante.

MUDANÇAS
A Vida é feita de pequenas e grandes mudanças que nos vão aparecendo. O problema é quando essas mudanças não estão previstas, quando aparecem sem bater à porta. Quando penso que dei dois passos para frente e, de repente, percebo que afinal dei um para trás. Mais uma vez, encaro este obstáculo e tenho de tomar uma decisão. Ser forte, seguir em frente, encontrar as energias positivas que se espalharam por todo o lado, reuni-las de novo, concentrá-las e senti-las... Eu avanço, porque a decisão está tomada.
Acho fantástica a forma como lidamos com as nossas adversidades, com as nossas divergências. Faz me sentir que tudo vale à pena.
Agradeço a DEUS todos os dias, por me dar a oportunidade de me conhecer, de me confrontar com os meus próprios defeitos, de aprender a amar, de aprender a aceitar o defeito dos outros, de errar e poder remendar, de viver.
Nada é eterno, e acho que todos nós sabemos disso.

 

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